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  • Foto do escritorJean Sartief

ANATOMIA DO SIMBÓLICO

Atualizado: 8 de ago. de 2019

CORAÇÃO EM CERÂMICA



Os artistas tem o privilégio de trazer à tona visões particulares e especiais do mundo. Não importa porque percurso poético se insiram conseguem protagonizar caminhos particulares que oferecem ao público – normalmente anestesiado pela sobrevivência diária – momentos de catarse, de reflexão, de evolução e da vivência do próprio prazer estético em si. Jean Sartief é um desses artistas comprometidos com a arte. Em sua exposição Anatomia do Simbólico, explora um tema banalizado pela excessiva utilização e apropriação (o coração) e transforma em material para sua investigação cerâmica.


A exposição, que teve vernissage no dia 06 de agosto, às 19h, segue até o dia 02 de outubro, acontece na Galeria do SESC RN, Cidade Alta, fruto do edital anual do sistema SESC/Fecomércio, intitulado Edital Galeria do Sesc, seleciona – normalmente no final do ano - artistas para exposições no ano seguinte, ocupando todos os meses a galeria. Uma excelente iniciativa num período em que a arte e a cultura estão praticamente órfãs se falarmos do ponto de vista institucional via falta de recursos e investimentos.

Sartief apresenta 24 obras em cerâmica, onde algumas também se valem de outros materiais criando diálogos contemporâneos com uma potência impressionante, levando em consideração a temática escolhida. Um exemplo é da própria obra que nos é apresentada no material gráfico. Uma xícara de porcelana que acolhe um sangrento coração. O que nos é oferecido é o próprio órgão humano numa tentativa de nos reconectarmos com o emocional – tanto associado ao coração. É como se o artista dissesse beba de si mesmo e prove seu coração. O que tem nele?


Fora as obras em cerâmica, a mostra apresenta 9 fotografias (deixando registrado que de última hora a superintendência do Sesc censurou uma das fotos - que continha um coração tatuado num bumbum masculino - como podem ver na galeria de fotos deste site) dessa pesquisa visual do artista realizada entre 2004 e 2006. “Tudo começou com a fotografia. Sempre que via um coração estava lá (eu) fotografando!” Desse acervo, Sartief escolheu as que são mais importantes para dialogar com o conceito das cerâmicas.


A segunda parte apresenta uma única aquarela/colagem que, segundo o artista, foi gerada do processo fotográfico e isso já nos deixa um desejo de “quero mais!”. A curadora Sânzia Pinheiro, que assina o texto da exposição ressalta que a obra faz uso “de uma escrita indecifrável, algo para ser interpretada com o coração. São murmúrios de amor, de dilaceramentos/enlaçamentos.”


Mesmo nas obras cerâmicas em que o coração assume a obviedade da forma e do conteúdo simbólico, o material cerâmico se ressalta e a própria exploração dos jargões do coração leva o artista ao uso de sutilezas e depurações interessantes como no caso do coração anatômico derretido que ao final revela seu ícone ou mesmo de um coração cheio de rolhas em todas as suas artérias coronárias. Por tudo isso, agende-se e não perca a mostra que fica em curto período até 02 de outubro.


Entrada gratuita.

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